Crítica: Exposições de luminosidade rubra
Aproveitando a pausa do 1 de Maio, decidi visitar com companheiros um dos vários castelos presentes na Bélgica – foi o momento em que muitos desses locais abriram as portas aos visitantes, com diferentes atividades no âmbito das jornadas europeias do património na Valónia. O castelo que optamos por visitar situava-se nos arredores de Liége e, durante o final da tarde, regressamos (de automóvel) à capital. O GPS sugeriu um trajeto alternativo, por uma estrada nacional em ótimas condições e com pouco tráfego. O sol continuava radiante, graças aos prolongados dias desta estação.
Tudo parecia normal, com paisagens campestres belgas, vacas pastando, campos a perder de vista,… até alcançarmos uma localidade deserta – exceto pela estrada – onde paramos diante de um semáforo. Em ambos os lados da estrada, havia exibições com luzes rubras e mulheres em trajes íntimos, atentas aos veículos que passavam. Nos próximos centenas de metros, a paisagem era semelhante. Não havia pessoas pelas ruas, apenas residências com vitrines luminosas em vermelho. Alguém comentou: “realmente, esta nação só poderia ser considerada a capital do surrealismo”.
Já havia conhecido o “distrito da luz vermelha” em Amsterdã, muito mais turístico do que o decadente bairro próximo à estação Gare do Norte em Bruxelas. No entanto, fiquei surpreso com Sint Truiden, já na região da Flandres, por estar literalmente no meio do nada. Ao chegar em casa, decidi investigar e realmente esta estrada é conhecida como a “avenida do amor”, repleta de prostíbulos (reconhecíveis pela iluminação avermelhada) dos dois lados. A prostituição na Bélgica é uma prática legalizada, sujeita a regulares verificações das condições de trabalho e concessões laborais.
