Diminuição de 32% nos ganhos da Corticeira Amorim devido a um declínio nas vendas

Com uma redução de 10% na faturação, totalizando 234,7 milhões de euros, a Corticeira Amorim registrou lucros de 16,1 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, de acordo com um comunicado da empresa enviado à CMVM. Estes resultados refletem os custos não recorrentes da reestruturação do Amorim Cork Flooring e do serviço da dívida. Tais fatores somam-se à diminuição do volume de negócios.

Após um ano de 2023 com vendas abaixo da marca de mil milhões de euros, um recorde atingido no ano anterior, e uma queda de 9,5 milhões de euros nos lucros, a Corticeira Amorim parece estar seguindo o mesmo padrão de evolução no atual ano. Na gestão liderada por António Rios Amorim, os lucros de 16,1 milhões de euros representam uma redução de 32,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Das cinco áreas de negócio em que a empresa está dividida, apenas a divisão de cortiça composta registrou um aumento homólogo no volume de negócios, embora modesto, não ultrapassando os 0,6%. Todas as outras quatro divisões apresentam decréscimos que variam entre 4,6% e 16,5%.

O EBITDA em relação às vendas melhorou para 18,6% (18,4% no mesmo período dos primeiros três meses de 2023), porém o EBITDA diminuiu para 43,7 milhões de euros (-8,8%). A Corticeira destaca como aspectos positivos: aumento nos preços de venda e redução de matéria-prima não relacionada à cortiça; e como aspectos negativos: desalavancagem operacional, aumento nos preços da cortiça e aumento nos custos de eletricidade.

De acordo com Rios Amorim, presidente e CEO, “os primeiros três meses do ano foram afetados por condições de mercado desfavoráveis. Diante dos efeitos negativos da desalavancagem operacional, refletindo uma contração nos volumes nos setores em que atuamos, e do aumento nos preços de consumo de cortiça, nossos esforços se concentraram em melhorar a eficiência industrial, aprimorar a variedade de produtos e aumentar a participação de mercado. No segmento de pavimentos, dado a ausência de sinais positivos do mercado europeu, tornou-se inevitável implementar, no curto prazo, um Plano de Otimização Industrial visando reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência da Amorim Cork Flooring. Em um contexto de alta incerteza, almejamos que 2024 seja um ano produtivo para a Corticeira Amorim. Contamos com a resiliência e dedicação de nossos Colaboradores, confiantes de que os investimentos realizados nos últimos anos possibilitarão continuar a oferecer produtos e soluções inovadores, conquistar novos mercados e clientes, preservando os níveis de rentabilidade e fortalecendo a solidez financeira”, mencionado no comunicado enviado à CMVM.

No primeiro trimestre de 2024, as vendas consolidadas da Corticeira Amorim alcançaram 234,7 milhões de euros, registrando uma queda de 9,7% em comparação com o mesmo período de 2023, principalmente devido à redução nos volumes de venda. Todas as Unidades de Negócio (UN) enfrentaram pressão nas vendas, com exceção da Amorim Cork Composites, cujas vendas

cresceram ligeiramente para 27,5 milhões de euros (+0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior). As vendas da Amorim Cork (-10,4% em comparação com o mesmo período anterior), que representaram 77% das vendas consolidadas, foram afetadas pela redução nos volumes, que afetou todos os segmentos, apesar dos benefícios do mix de produtos e da elevação de preços implementada.

O EBITDA consolidado totalizou 43,7 milhões de euros, comparado com 47,9 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023. O aumento no consumo de matérias-primas de cortiça adquiridas a preços mais elevados e os efeitos negativos da desalavancagem operacional foram determinantes para esta redução. A Unidade de Negócio Amorim Cork e Amorim Cork Composites se sobressaíram em termos de melhoria de rentabilidade no período, refletindo, entre outros fatores, menores custos de matérias-primas não relacionadas à cortiça e melhores eficiências industriais, conforme detalhado no documento. A margem EBITDA consolidada ficou em 18,6% (1T23: 18,4%).

Após os resultados atribuíveis a interesses não controlados, a Corticeira Amorim encerrou o primeiro trimestre de 2024 com um lucro líquido de 16,1 milhões de euros, representando uma redução de 32,4% em relação ao período homólogo. Essa evolução reflete a inclusão de custos não recorrentes decorrentes da implementação, no curto prazo, de um Plano de Otimização Industrial na Amorim Cork Flooring (4,0 milhões de euros), bem como o aumento dos encargos financeiros em decorrência do aumento das taxas de juro e do maior endividamento.

No final de março, a dívida líquida remunerada diminuiu para 236,7 milhões de euros (12M23: 240,8 milhões de euros), mesmo com o aumento das necessidades de capital de giro (25,7 milhões de euros) e do investimento em ativo fixo (12,4 milhões de euros).

“Influenciado pelo ambiente econômico que afeta o setor da construção e pela intensificação da concorrência de fabricantes asiáticos, o mercado de pavimentos na Europa tem enfrentado reduções de 14% em 2022 e aproximadamente 20% em 2023, resultando em perdas significativas que têm levado as principais empresas do setor a implementar medidas de redução de custos”, menciona a empresa em comunicado.

Esse cenário desfavorável também impactou a atividade e os resultados da Amorim Cork Flooring, que nos últimos anos tem apresentado prejuízos que se agravaram nos primeiros meses de 2024. Dada a conjuntura macroeconômica exigente, a ausência de sinais de recuperação na indústria de pavimentos e as atuais fragilidades competitivas da Amorim Cork Flooring, “foi decidido iniciar um processo de reestruturação dessa UN que implica, inicialmente, o ajuste de sua estrutura produtiva e de apoio à dimensão atual das vendas, visando reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência por meio de otimização industrial”.